Ambulatório de saúde para travestis e transexuais faz 1 ano
Rudá Lemos
Com mais de 190 cadastrados, o ambulatório de atenção à saúde da população travesti e transexual, João W. Nery, completa um ano. Localizado na Policlínica de Especialidades Sylvio Picanço, da Fundação Municipal de Saúde de Niterói (FMS), o local inaugurado em 28 de novembro de 2018 foi pioneiro entre todos municípios do Rio de Janeiro com a destinação de um espaço exclusivo para as pessoas transexuais serem assistidas em seus processos de hormonização e, na lógica do cuidado integral à saúde, serem referenciadas para o tratamento de outras demandas nas demais unidades de saúde do município. Apenas a Secretaria Estadual de Saúde do Rio já oferecia o serviço através do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE).
Gabriel Van Silva, homem trans de 31 anos, foi um desses pacientes que contou um pouco sobre sua vida e seu trabalho enquanto militante da Liga Transmasculina Carioca João W. Nery. Filho adotivo de pais pastores, revelou que teve que sair de casa para expressar como se identificava, mas que encontrou apoio no serviço de psicologia do ambulatório e na rede de amigos transexuais que construiu. “O caráter de uma pessoa não tem a ver com sua identidade de gênero e nem com quem ela se relaciona”, afirmou ao mostrar orgulhoso a identidade com o nome social, direito que o DETRAN pode realizar.
Eloá Rodrigues, que concilia a militância na presidência Conselho Municipal LGBTI, com os estudos de ciências sociais na Universidade Federal Fluminense (UFF) e divulgação midiática do tema por ser Miss Trans 2019 do Rio de Janeiro falou da iniciativa do município. “Niterói tem essa importância histórica em ter sido pioneira para acolher essa população dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e está transformando a vida de muitas pessoas, com um retorno muito positivo. É importante desmistificar nossos corpos e cobrar uma maior humanidade com a nossa existência, já que sofremos tantas violências simbólicas e mesmo efetivas. Queremos oportunidades e que possamos ocupar todos os espaços e conviver em harmonia com toda sociedade”, declarou Eloá.
Pessoas transexuais são aquelas que não se identificam com o gênero biológico em que nasceram. Mulheres trans são as que nascem com a genitália masculina, mas que se reconhecem como mulheres. Homens trans, por sua vez, são o oposto: tiveram o gênero feminino atribuído na infância, mas se identificam como homens. “O Estado e a sociedade devem garantir o respeito à identidade de gênero e assegurar o exercício pleno da cidadania de todos”, afirmou Diana Luiz, assistente social coordenadora do espaço.
O atendimento no ambulatório é feito nas quartas-feiras, das 9h às 12h30, na Av. Ernani do Amaral Peixoto, nº 169, 4º andar. Diana coordena e divide o trabalho com médico endocrinologista e psicólogo para o trato com a saúde mental de pacientes.
Quer enviar uma queixa ou denúncia, ou conteúdo de interesse coletivo, escreva para noticia@diariodeniteroi.com.br ou utilize um dos canais do menu "Contatos".