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Paulo Freire em cena


Ana Morche


Richard Riguetti encena Paulo Freire: O andarilho da Utopia – Foto: Cecult-CE

O Andarilho da Utopia, Paulo Freire em suas verdadeiras palavras. Palavras que, como ele próprio afirma, têm frases que lhe fazem parte e as tornam significativas pelas histórias que contam. Os pensamentos que as compõem as fazem plenas, pulsantes e permanentes na duração dos minutos, como compostas que são elas todas, porque para ele todas são compostas pelo simples fato de não serem possíveis de serem sós.

Richard Righetti nos traz, nessa noite de festa, risos e lágrimas de emoção. Falo, aqui, das minhas próprias, que brotam diante de seus trejeitos e melodias, numa pegada circense onde a grande estrela é mais uma vez, e sempre, o palhaço que resgatado vem brincar. Num texto, primorosamente escrito por Júnior Rocha, temos um misto de crítica, regionalismo, humor, reivindicação e uma homenagem amorosa à natureza, aos seres da Terra, ao planeta que nos abriga.

Não mais que de repente vemos surgir nas mãos daquele homem pequeno, de bermuda e meias, bolsa de pano a tiracolo como se tivesse sido há um segundo transmutado num colegial, uma enorme bola azul que saltita pelo palco e por alguns momentos nos faz pensar fortemente em Gaia, a grande Mãe! Brinca como um menino, totalmente solto como em fantasia de memórias numa revisita orgulhosa às origens do mundo. Seu mundo que se faz ao mesmo tempo universal.

Proclama o povo nordestino nas falas, nas músicas que pontilham o palco com papéis prateados, brilhantes de estrelas cadentes. Aconchega toda plateia num simbólico abraço e se mistura entre as variadas gentes que, de mãos dadas a seu convite, saúdam o mestre ali renascido. E Paulo Freire está realmente presente, nos ensinando o encantamento da leitura e nos fazendo lembrar a nossa humana e delicada essência, restaurando nossas esperanças.

O Andarilho se retira lentamente do palco. E nós também nos retiramos embevecidos, com a certeza de que o sonho daquele professor não é utopia. É vida que se refaz e se multiplicará a partir de cada verso do “manifesto cenopoético” a que acabamos de assistir.

Ana Morche é Professora de Língua Portuguesa e Literaturas, Pós-graduada em Arte-Educação, Artista Plástica, Poeta e Escritora.

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